Esta Casa prefere que a América Latina se desenvolva por meio de revoluções, em vez de reformas estruturadas nos sistemas em vigor

Por Larissa Afonso dos Anjos

Nesta série, apresentamos debates no modelo parlamento britânico de que participamos na Hermenêutica – Sociedade de Debates da UnB. Nesse formato há duas duplas de Governo, que devem apresentar argumentos para apoiar a moção (proposição tema do debate), e duas duplas de Oposição, que argumentam em sentido contrário. Aqui apresentamos as teses e os argumentos de cada lado.

O Governo traz a questão de que América Latina deve se desenvolver por revoluções ao invés de reformas estruturadas, pois o poderio político de hoje ainda é de famílias pioneiras na colonização das regiões, por exemplo no próprio Brasil; o que
consequentemente reflete na política da nação, monopolizando o poder em razão de benfeitorias pessoais, tratando com desinteresse o desenvolvimento necessário da sociedade. Não é possível alcançarmos determinada mudança interna na estrutura política através de reformas, pois suas bases e pilares são mantidos por quem já tem poder, e assim manterão. Reformas não desconstroem a essência desse sistema, permaneceremos submetidos a essa mesma classe política predominante de grandes líderes do passado, hoje no presente, e com certeza no futuro, poder este passado de geração a geração.

Tendo em vista que o poder é mantido apenas em mãos de pessoas economicamente superiores, em nossa sociedade majoritária, as quais sempre lutam por políticas de seus interesses particulares e algumas políticas públicas desde que não
interfira de alguma maneira negativa em seus negócios pessoais, porque o desenvolvimento em alguma medida atrapalha o seu jogo político, eles precisam de uma população desassistida para que continuem fazendo promessas e cativando-a. Existe a necessidade de uma população inconsciente de como funciona o jogo político e dessa dominação exercida, para que ela não sinta a necessidade de fazer uma rebelião em busca do seus direitos como cidadão.

Posto isso, só é possível alcançar uma mudança de cenário através de uma revolução, dado que uma revolução nada mais é que uma ruptura, uma desconstrução da estrutura que existe a séculos. Com essa ruptura é possível mudarmos a estrutura de poder que não joga pelo desenvolvimento e sim para estar ali em virtude do que o poder político pode oferecer para os poderosos. Temos aqui, em questão, uma disputa de classes em que existem aqueles que estão no poder apenas em busca de mais poder e os desassistidos, necessitados de políticas pública. Com a revolução, e somente por ela, alcançaremos o tão sonhado desenvolvimento necessário para suprir as vontades do povo.

O desenvolvimento nada mais é que o desejo de toda população, de ter o acesso a saúde, qualidade de vida, moradia e educação, pois todas esses direitos reforçam a sua autonomia e dignidade, a capacidade de comprar e ser bem atendido ou não morrer por uma pequena doença esperando atendimento. Toda sociedade necessita e deseja esse tipo de avanço bem-sucedido.

A democracia na América Latina falhou e, por conta dessa falha, ocasionou o monopólio de poder que existe nas mãos apenas de antigos poderosos até os dias de hoje. Por isso, existe a necessidade de uma revolução, não para implementar uma ditadura, mas devido ao sistema atual se provar não ser mais viável para obter mudança através de reformas, visto que, mesmo que consigamos alcançar uma reforma significativa, ainda existirá o medo da população contra a alta sociedade que sempre jogaram contra. O poder que fora acumulado ao longo desses séculos ainda se mantém, continuam sendo uma elite
influente e cada vez mais inacessíveis à população, que realmente necessita desses avanços no desenvolvimento social.

Por outro lado, a oposição acredita que reformas bem estruturadas de um sistema que já está em vigor, são a melhor opção para avanços de desenvolvimentos na América Latina, pois as revoluções defendidas pelo governo são um cenário um tanto quanto equivocado, visto que trazem mais instabilidade econômica e da paz social.

Para estabelecer uma revolução é necessário enfrentar o governo atual de todas as maneiras possíveis, a violência é uma das principais formas de instaurar uma revolução, gerando catástrofes sociais, desordens e instabilidade em todos os meios autônomos de um estado. Esses conflitos pós-revolução devem ser resolvidos, e qual a melhor forma de suprir essas catástrofes? Utilizando de cofres públicos para sanar as problemáticas de mortes, feridos, desabrigados, patrimônios perdidos, etc.

Diferente das reformas, que por sua vez mostram um caminho mais brando, sensato e democrático, a revolução tratada no cenário de Governo é muito utópica, já que a maneira de sua implementação é muito radical, não apenas no momento de instituir uma revolução na América Latina, mas também de mantê-la estável e intacta de rebeliões. A partir do momento em que você consegue instaurar uma revolução em determinado território, haverá pessoas, ainda que partidas de um grupo minoritário, insatisfeitas com a realidade em que foram impostas.

Problemáticas como: rebeliões, manifestações, quebradeira e protestos agressivos, são mecanismos em que o povo encontra para lutar contra um regime autoritário proposto pelos revolucionistas. Com isso, a vida da população só tende a piorar, visto que, o governo vigente não vai conseguir investir seu capital nas correções e reformas das estruturas abaladas pelo movimento revolucionário, já que é preciso lidar contra a luta dos rebeldes desta revolução implementada.

É de grande urgência que pequenas rebeliões e atos de protesto contra o Governo sejam eliminadas, para que finalmente eles consigam promover algum tipo de melhora para o cidadão ainda que em regime criticado, ou pouco republicano. Perceba, então, que para governo a solução dos problemas de uma sociedade desajustada é eliminar seus problemas de qualquer maneira possível.

A ruptura com status quo gera mortes dos dois lados, mas é importante entender que; a exploração que a sociedade viveria em um cenário de revolução, sendo alguma delas; a pobreza extrema, o índice de fome crescendo cada vez mais, ausência de remédios de qualidade e atendimento à saúde, é pior que a morte.

Logo, nos vemos em um mundo em que é preciso lutar para defender seus direitos e liberdade de expressão, recorrendo dos mesmos meios utilizados para impor determinada revolução. Fizeram isso com a população antes, logo sua resposta contra os regimes autoritários ainda que violenta, é apenas uma reação de defesa a ameaças contínuas de um governo antidemocrático, ilegítimo e, portanto, de extinção necessária.

Ademais, no cenário de oposição trabalhamos com reformas bem estruturadas que já se mostraram eficazes em diversos países, como por exemplo o Chile. Reformas estas que produzem efeitos positivos na sociedade ainda que demorados, sem exercer violência ou meios que possam infringir de alguma maneira o direito de liberdade de um indivíduo.

E você? Qual lado gostaria de defender neste debate?

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