Escrito por Jonathan e Silva [*] e Maryane Acâmpora [**]
Introdução
A forma como o público se informa e toma decisões políticas mudou bastante nos últimos anos. As redes sociais como Twitter, Whatsapp, Facebook e Instagram passaram a ser as principais fontes de notícias e debates públicos — e isso impactou diretamente o jeito como escolhem seus representantes.
Nesse novo cenário, em que a escolha de representantes políticos é cada vez mais influenciada por conteúdos virais e pouco informativos, cabe questionar: até que ponto as redes sociais fortalecem ou enfraquecem o processo democrático? Esta discussão não apenas reflete os desafios atuais, mas aponta para um futuro em que a governança das plataformas digitais pode definir o destino de processos eleitorais pelo mundo.
Palavras-chave: Público; Redes Sociais; Políticos; Conteúdo; Processo Democrático.
O impacto das Mídias no Comportamento Eleitoral
Tradicionalmente, muitos estudiosos acreditavam que o eleitor agia de forma racional, pensando nos prós e contras, antes de votar. Um exemplo disso é a teoria de Anthony Downs, que diz que as pessoas votam de maneira lógica, escolhendo o candidato que parece trazer mais benefícios e menos custos. Mas esse modelo parte de uma suposição que nem sempre acontece na prática: a de que o eleitor está bem informado e consegue comparar propostas de forma clara.
A problematização do contexto atual traz consigo que, com as redes sociais, a realidade ficou mais bagunçada. Em vez de conteúdos aprofundados e confiáveis, são expostos ao público diversas informações soltas, memes, manchetes chamativas e, principalmente, fake news. Tal cenário prejudica a capacidade crítica do eleitorado.
Por outro lado, Kenneth Shepsle, outro estudioso importante, argumenta como as regras do jogo e as instituições influenciam o comportamento político. As redes sociais também mudam isso. Os algoritmos, por exemplo, favorecem postagens polêmicas e emocionais, consequentemente, gera uma dualidade de votos e enfraquece os espaços de diálogo.
O Caso no Brasil: Populismo e Redes Sociais
O processo eleitoral de 2018 marcou o início do uso expressivo do Whatsapp como ferramenta de comunicação política, abrindo-se um precedente para estudos das transformações na dinâmica eleitoral contemporânea. Observou-se, nesse período, a construção de estratégias que privilegiam a conexão emocional com o eleitorado. Essas estratégias tendem a ser apelativas, pois são marcadas por frases de efeito e vídeos curtos para mobilizar uma base eleitoral, ignorando a validade do discurso argumentativo, que é construído com fatos, dados e estatísticas. Do ponto de vista técnico, tais estratégias se mostraram eficientes na mobilização eleitoral.
A questão do populismo engloba, também, as características que o público assume nos debates e na participação em movimentos para dar visibilidade às suas demandas. Além disso, trata como a figura dos líderes tendem a ser ouvintes nessa fase, demonstrando empatia pelos problemas do seu público, mas, ao mesmo tempo, participam de uma elite política para a resolução desses problemas.
Conclusão
As redes sociais revolucionaram a forma como as pessoas interagem com a política, tornando-se ferramentas poderosas tanto para promover o engajamento democrático quanto para potencializar ameaças. Essa dualidade pode ser comparada a uma “faca de dois gumes“: Por um lado, aproximam as pessoas da política; Por outro, tendem a facilitar a rápida propagação de desinformação e debilitar o processo de escolha consciente.
Por isso, o eficaz uso das redes sociais depende de como são reguladas. O equilíbrio ideal exige transparência, educação digital e um bom canal de comunicação do governo, onde Estados, mídias sociais e a sociedade, atuem juntos para evitar a desinformação generalizada.
Referências
DOWNS, Anthony. Uma teoria econômica da democracia.São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1999.
SHEPSLE, Kenneth. Analizar la política: Comportamiento, instituciones y racionalidad. CIDE, 2016.
Angela de Castro Gomes: “O populismo e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a trajetória de um conceito”. Tempo, vol. 1, nº 2, 1996.
[*] Graduado em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Especialista em Relações Governamentais e ex-Coordenador de Comunicação do Projeto Politeia.
[**] Graduanda em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Membro da gestão de Comunicação do Projeto Politeia. Tecnóloga em Gestão Pública pela Anhanguera.